Meu filho está engordando. E agora?
Hoje, dia 11 de outubro, é o dia mundial da obesidade e amanhã, dia 12 de outubro, é o dia das crianças. Duas datas próximas e que se relacionam intimamente.
A prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes vem crescendo exponencialmente, gerando uma preocupação entre pais, familiares, governantes.
Preocupação que é relevante já que a obesidade nessa faixa etária, aumenta a chance de obesidade na vida adulta e do desenvolvimento de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, colesterol,...).
No entanto, PRECISAMOS aprender a conversar sobre a obesidade com nossos filhos (as)/ sobrinhos (as)/netos (as).
Apontar o dedo dizendo:

- Você está gordo!
- Você precisa emagrecer!
- Comece uma dieta!
- Pare de comer!
- Está proibido doce!
Não ajuda em nada e pode prejudicar a auto-estima da criança/ adolescente.
Esses comportamentos podem ser gatilhos para o desenvolvimento de transtornos alimentares ou do conhecido comer trastornado. Quando tratada dessa forma, a criança desde cedo inicia o ciclo de dietas, o qual é relacionado com ganho de peso ao longo da vida. O contrário do que era esperado....
"Há uma associação dose-dependente entre o número de dietas feitas durante a vida e o risco de sobrepeso " (Neumark--Sztainer J. Adolescent Health. 2012)
Parece contraditório, mas não é ...
Os estudos sugerem que dietas restritivas favorecem aumento de peso a longo prazo. É justamente nessa fase da vida que as dietas restritivas parecem mais atrativas. Os adolescentes buscam corpos irreais e de maneira imediata.
Por isso, se um adulto próximo reforça esses comportamentos está prejudicando gravemente a relação da criança /adolescente com seu corpo, com a comida e com ele.
Como agir?
1) Ensine seu filho a amar o corpo apesar das diferenças.
Há as meninas que acumulam gordura no quadril, outras na barriga, outras nas costas,... isso chama-se DIVERSIDADE.
2) Explicar e ter cautela com o limite tênue entre vaidade e transtornos.
3) Dar exemplo!
É inata a preferência por doce e salgado, assim como a nossa paixão por alimentos de alta densidade calórica- pois promovem a agradável sensação de saciedade facilmente. O azedo e amargo são menos palatáveis e por isso menos aceitos nessa época da vida. Para aumentar a aceitação de alimentos como frutas e verduras é essencial:
- SEMPRE ter em casa e em lugares visíveis, consumir frequentemente (café da manhã, almoço e jantar) e ofertar de maneiras distintas.
" Faça o que eu falo e o que eu faço" haha
4) Não ofereça recompensas!
"Coma salada e ganhe chocolate" - isso reforça o estereótipo que salada é ruim e chocolate é bom.
5) Inclua atividades ao ar livre que favoreçam o gasto calórico e sejam divertidas!!
Troque o domingo no computador/vídeo game por um domingo no parque andando de bicicleta, correndo, brincando.
São atividades lúdicas e prazerosas que funcionam bem mais do que obrigar a criança a fazer academia.

6) Não crie dias para comer doces, sanduíches, salgados.
Vejo muitas famílias que transformam os finais de semanas em excessos alimentares com a criança. Dessa forma, inconscientemente, você estará ensinando que a comida do dia-a-dia é ruim e a do final de semana é boa. Percebe?
O melhor é que todos os dias haja oferta de alimentos saudáveis.
7) Converse com seu filho sobre a importância do CONTEXTO das escolhas alimentares.
Brigadeiro na festa do coleguinha é muito diferente de brigadeiro todo dia.

8) Não fale que ele(a) está gordo.
Provavelmente os colegas e a sociedade já fazem isso o suficiente. O seu papel é acolher, escutar e ajudar.
9) Leve seu filho(a) para feiras livres!
Favoreça o contato com alimentos saudáveis e frescos.

10) Compartilhe receitas, teste juntos, cozinhe. Lugar de criança é na cozinha!

Nosso papel é ajudar a criar uma relação saudável entre as crianças e a comida. Sem neuras, sem proibições, sem restrições.
Obesidade se trata com respeito!